terça-feira, 11 de agosto de 2015

Microdados do ENEM. Como, para que e a quem interessa analisar os dados?

A importância de se conhecer os microdados do ENEM

O INEP divulga todos os dados de cada aluno que realizou o ENEM.  São chamados microdados do ENEM. Sem identificar o aluno, explicita em que escola estudou, se era particular ou pública, qual o perfil social deste aluno, que língua estrangeira escolheu, o que colocou como resposta em cada uma das provas, qual a  cor da sua prova em cada área do conhecimento, qual a sua nota e quanto tirou em cada uma das competências na redação.  Estes dados são importantes para um diretor ou coordenador de uma escola, pois conhecedores destas informações podem avaliar o desempenho de seus alunos e identificar possíveis problemas.

Como coordenador de um colégio sentia a falta destas informações e ao terminar um mestrado em 2014 construí um aplicativo, em EXCEL, que além de obter as informações do ENEM 2012, último resultado divulgado pelo INEP na época, também fizesse uma análise dos dados em cada área do conhecimento.

Como analisar estas informações
  •  Por exemplo, podemos comparar a distribuição dos alunos em Matemática de acordo com as suas notas, de uma determinada escola com a distribuição dos alunos do Estado do Rio de Janeiro no ENEM de 2012.



  •   Por que não se consegue baixar os dados? São 8 milhões de linhas e o EXCEL só recebe aproximadamente um milhão. Este é um problema técnico que resolvi e disponibilizei no link os dados por estado, assim o arquivo é dividido em partes e qualquer pessoa pode acessá-lo.  Este poderia ser uma possível solução para o INEP divulgar os Microdados, isto é, dividir em estados, assim cada interessado em obter os dados teria como acessá-los sem problemas usando o EXCEL.
  • Também divulgo na monografia como construir a pesquisa dos dados e criar filtros para se pesquisar os dados mais relevantes como a porcentagem de acertos em cada item (questão) em cada área de conhecimento, por exemplo, como os alunos de uma determinada escola foram em matemática, que questões foram mais ou menos acertadas por esses alunos.



  • Ou ainda, como os alunos foram em redação em relação à sua pontuação geral e nas respectivas competências. Conhecer as competências é importante para se escrever uma boa redação, segue abaixo a lista completa.

  • Cada competência varia sua pontuação de 0 a 200 pontos.  Ter  conhecimento de como foram os alunos de uma escola é um instrumento extremamente eficaz para que a equipe do colégio consiga melhorar em cada uma das competências, por exemplo, o gráfico abaixo indica a distribuição dos alunos de acordo com suas notas em cada uma das competências.
Por que analisar estas informações?
  • Sem dúvida o ENEM é uma avaliação externa, que veio para ficar, e que devemos aproveitar o que de bom pode trazer como levantamento de dados e análise destas informações, por isso, é necessário que os gestores das escolas conheçam todos os dados dos seus alunos fornecidos pelo ENEM.  É uma obrigação dar conhecimento à sociedade e o INEP ao seu modo atende à esta demanda, no entanto, as escolas na sua maioria, não entende e não tem de forma simples estes dados que seriam de uma utilidade ímpar para qualquer coordenador pedagógico ou diretor. 

  • Se a escola participa do ENEM, obter estes resultados dá aos gestores a possibilidade de corrigir seus planejamentos de modo a aumentar a eficiência dos seus alunos no exame.  


A quem interessa estas informações?

  • A todos os gestores que conhecem e utilizam a estatística como ferramenta de análise para tomada de decisões. 
  • Aos coordenadores que podem orientar seus professores observando que parte do conteúdo pode ser melhor trabalhada.
  • Aos alunos de modo geral, pois estes serão os maiores beneficiados, afinal, a partir de  dados reais, de um histórico conhecido, podem ser preparados de uma forma mais sistematizada.
Se você é Diretor, Coordenador ou Professor e deseja conhecer as notas dos seus alunos no ENEM 2013, envie um e-mail para profjfrias@gmail.com,  informando:
  • O seu nome
  • O cargo que exerce
  • O nome do seu colégio
  • A Unidade Federativa
  • O código do Educacenso

TRI



Metodologia da Teoria da Resposta ao Item (TRI)

Uma comparação com a avaliação utilizando a metodologia da TRI é a de um atleta de salto à altura.  Imagina-se que ele já passou por uma prova de qualificação que garantiu a ele competir e quanto no mínimo deve se esperar deste atleta, portanto, inicia-se a prova com uma determinada altura, se o atleta passa pela prova e mostra uma desenvoltura que indica uma possibilidade de aumentar a altura em 30 cm, na próxima o sarrafo estará nesta nova altura, se, no entanto, não conseguir ultrapassar, diminui-se em, por exemplo, 15 cm, se mais uma vez obtém êxito, torna-se aumentar, e assim balanceamos as alturas até concluirmos que em determinada altura o atleta está atingindo o seu potencial máximo.

Desta forma, qualquer atleta, mesmo que não consiga completar a prova, não terá nota zero, pois seu histórico de vida dá garantia de um mínimo necessário para chegar a esta competição.

O exame proposto pelo INEP também vê assim o aluno concluinte do ensino médio.  O governo acredita que este examinando já traz uma bagagem que o qualifica, e que garante um mínimo de conhecimento frente às exigências que se colocarão no cotidiano. 

Segundo Andrade, a TRI é um modelo matemático que determina a probabilidade de um indivíduo dar uma resposta a um item em função de parâmetros do item e da habilidade do respondente.  Leva-se em conta para a aplicação da TRI três fatores:

i)                    A natureza do item – Dicotômico ou não dicotômico.
ii)                  O número de populações envolvidas – Apenas uma ou mais de uma.
iii)                A quantidade de traços latentes – Apenas um ou mais de um.

No ENEM, a natureza do item é dicotômica, ou seja, certo ou errado; apenas uma população está envolvida e queremos medir apenas um traço latente. 

1.Métrica do item

Para esta medida utilizamos uma escala estabelecida pelo INEP a partir do exame de 2009, onde foi estabelecido que, 500 seria o valor de posição ou de referência, este valor representa o desempenho médio dos concluintes do Ensino Médio da rede pública de 2009 que realizaram o exame naquele ano.  Atribuíram também 100 para o valor de dispersão, que seria a medida de variabilidade média das notas daqueles concluintes em relação ao valor de referência. 
Esta métrica, portanto, garante que um aluno com nota 700 está a duas unidades de desvio padrão acima da proficiência média dos concluintes de 2009.  Graficamente representaríamos uma régua conforme o gráfico abaixo apresentado na página do INEP.



Figura 1 – Escala de proficiência


Segundo o INEP

A sua nota na escala (régua) pode assumir qualquer valor no conjunto dos números reais, como, por exemplo, 632,6, 421,8, etc. Outro aspecto importante no cálculo da nota é que as notas mínima (nenhum acerto) e máxima (45 acertos) dependem do grau de dificuldade da prova. Como já comentado, a prova é constituída por um conjunto de itens com parâmetros previamente conhecidos. São esses parâmetros que definem os valores de mínimo e máximo da prova. Assim, quando a prova é composta com muitos itens fáceis, o máximo da prova tenderá a ser mais baixo, e quando ela é composta com muitos itens difíceis, o mínimo tenderá a ser mais alto. Então, está claro que a nota mínima não é “0” e a nota máxima não é 1.000.  (Fonte: Página do INEP .(7) )

Na Teoria Clássica do Teste (TCT), o importante é a prova na sua totalidade, ou seja, o aluno é classificado de acordo com o seu número de acertos, portanto, o aluno fica sujeito às intempéries do exame, isto é, um exame muito difícil, com notas muito baixas, leva à conclusão de que os alunos dominam pouco àquele conteúdo, em contrapartida, se a prova é muito fácil, pode de uma forma leviana levar à conclusão que os alunos são muito acima da média.

Na TRI o foco passa a ser o item, que deve avaliar apenas uma habilidade, que é construído atendendo a critérios estabelecidos pelo INEP, como:

Operação Cognitiva – que ações são requeridas para o examinando resolver a situação problema.
   
    Objetos do Conhecimento - O que o respondente deve dominar em termos de conhecimentos para executar a Operação Cognitiva.

    Contextualização – Dá a oportunidade ao respondente de fazer a ligação entre o que se aprende na escola e o cotidiano.   Permite que aplique   seu conhecimento acumulado e a partir de operações mentais resolva as situações envolvidas no item.

Na elaboração dos itens são considerados contextos relacionados a cada área do conhecimento que possam estabelecer relações entre problemas que se apresentem no cotidiano e os conhecimentos acumulados na sua experiência escolar.

2.Correção

Dentre os modelos propostos na correção do item pela TRI, utiliza-se o modelo logístico de 3 parâmetros (ML3) que leva em conta a proficiência do examinando (q),  e os parâmetros ligados ao item, tais como, discriminação do item(a), dificuldade do item(b) e a resposta ao acaso(c).  Um dos programas utilizados para corrigir estes exames é o Bilog- MG (Rabelo).

De acordo com Andrade, cada item, portanto, é corrigido e retorna como uma curva denominada Curva Característica do Item (CCI) e a cada respondente é atribuído um valor na Função Resposta do Item (FRI):

P(Uj=1½qj) é a probabilidade de um indivíduo j com habilidade qj responder corretamente o item i e é chamada de Função de Resposta do Item – FRI.
Uij é uma variável dicotômica que assume valores 1, quando o indivíduo j responde corretamente o item i, ou 0 quando o indivíduo j não responde corretamente o item i.
qj representa a habilidade (traço latente) do j-ésimo indivíduo.
bi é o parâmetro de dificuldade do item i, medido na mesma escala da habilidade.
ai é o parâmetro de discriminação do item i, com valor proporcional à inclinação da  Curva Característica do Item – CCI no ponto bi.
ci é o parâmetro do item que representa a probabilidade de indivíduos com baixa habilidade responderem corretamente o item i.
D é um fator de escala, constante e igual a 1.  Utiliza-se o valor 1,7 quando se deseja que a função logística forneça resultado semelhante ao da função ogiva normal.

Na figura 2, retirada da página do INEP, os parâmetros a, b e c estão representados, bem como um participante A. Por exemplo, este participante com proficiência 650, apresenta aproximadamente 85% de chance de responder corretamente a questão. O esperado é que 85 % dos participantes com proficiência 650 acertem este item.


   


Figura 2 – Curva de característica do item


Na TRI, mais que estimar as dificuldades dos itens e as proficiências dos participantes, essa metodologia permite que os itens de diferentes edições do exame sejam posicionadas em uma mesma escala, que é uma métrica ou uma régua.  Uma vez realizado este posicionamento na régua, a interpretação das características pedagógicas do item pode contribuir para uma análise qualitativa das habilidades que os participantes já dominam e daquelas cujo domínio eles ainda estão construindo. Cada uma das quatro áreas do conhecimento avaliadas pelo ENEM possui uma escala própria, uma vez que avalia constructos distintos, quais sejam, a proficiência em: Linguagens, Códigos e suas Tecnologias; Matemática e suas Tecnologias; Ciências da natureza e suas tecnologias; e Ciências Humanas e suas Tecnologias.  A interpretação pedagógica destas escalas é importante pra ampliar a compreensão do significado das proficiências dos parâmetros de dificuldades dos itens, na medida em que busca oferecer um sentido qualitativo e pedagógico às estimativas quantitativas. (Fonte: Página do INEP, (7))

A figura 3, também apresentada na página do ENEM (7), mostra dois participantes A e B posicionados na régua.  Observe que o participante A, que apresenta uma proficiência em torno de 650, tem grande probabilidade de responder os itens 1, 34, 45, 12 e 16.  Da mesma forma espera-se do participante B, com proficiência em torno de 400, que apresente conhecimento suficiente para responder com sucesso os itens 1 e 34. Espera-se que o participante A tenha dificuldade para responder corretamente os itens 19 e 35, e o participante B os itens 45, 12, 16, 19 e 35.  O exame tem caráter probabilístico, portanto, não se pode afirmar que o participante B, por exemplo, não acertará o item 35.


Figura 3 – Posicionamento na métrica do ENEM de 2 alunos

Uma característica da TRI é ter o índice de dificuldade (b) e a proficiência do participante (  na mesma escala. 
Segundo os critérios do ENEM, espera-se que alguém com determinada proficiência possa resolver questões cujos índices de dificuldade (b), sejam menores que   Em alguns casos o examinando poderá acertar itens mais difíceis e errar itens mais fáceis, no entanto, espera-se dos candidatos uma coerência nas suas respostas, ao conjunto de respostas do candidato está associado o seu traço latente (q).   
A TRI é um método que a partir do conjunto de respostas do candidato, determina qual proficiência maximiza a probabilidade do candidato ter dado aquele conjunto de respostas.
Cada participante responde às 45 questões de cada área de uma forma particular, ou seja, dois alunos podem acertar o mesmo número de questões, porém de formas diferentes, desta forma, terão resultados diferentes, a figura 4 apresentado na página do ENEM (7), apresenta dois alunos fictícios, com 5 acertos cada um e notas diferenciadas, pois acertaram questões distintas.

Figura 4 – Comparativo entre dois alunos com acertos diferentes


Histórico do NOVO ENEM

Histórico

A maioria das pessoas passou a ouvir falar de TRI a partir de 2009, quando o INEP (Instituto Nacional de Ensino e Pesquisa Anísio Teixeira) informou quais seriam as novas regras do ENEM (Exame Nacional do Ensino Médio) a partir daquele ano.
O interesse em conhecer o objetivo e as técnicas aplicadas pelo TRI fez com que a área educacional se mobilizasse e palestras e seminários aconteceram em todo território nacional.  Poucas pessoas dominavam o assunto e até hoje a grande maioria ainda o desconhece. 
O INEP em 2009 divulgou que o ENEM sofreria as seguintes mudanças:
 Na sua forma - até 2008 o exame era constituído de uma redação e 63 questões objetivas realizadas em um único dia, a partir de 2009, o exame passou a ter uma redação e 180 questões objetivas divididas em quatro áreas de conhecimento e aplicado em dois dias seguidos;
Na correção – o ENEM seria corrigido pela TRI que tem como base a possibilidade de medir o traço latente do aluno, isto é, medir o conhecimento do aluno utilizando as informações  de um banco de itens pré testados em um grupo determinado.   São definidos parâmetros característicos da TRI e é possível comparar um novo grupo de testandos utilizando recursos  estatísticos e probabilísticos.  As notas dos alunos são calculadas a partir de uma média e um desvio padrão estabelecidos. 
Na utilização dos resultados – até 2008 poucas universidades utilizavam o resultado do ENEM, no Rio de Janeiro apenas a PUC usava o resultado do aluno como forma de ingresso na universidade.  A partir de 2009 o governo convocou as universidades públicas a usarem o resultado do ENEM como ingresso exclusivo ou parcial nos seus exames admissionais.  O governo criou o SISU (Sistema de Seleção Unificada) para que as universidades de todo o Brasil pudessem receber os alunos inscritos no vestibular, que passa ser via internet e o aluno se inscreve de acordo com a sua nota, ou seja, o aluno faz a prova, recebe uma nota e com esta nota faz a sua inscrição, na carreira que desejar, em universidades do Brasil que optem por receber alunos pelo SISU.
Começa então uma comoção nacional, pois contrariando a Teoria Clássica dos Testes, onde o escore do aluno está diretamente ligado ao número de acertos, a TRI pressupõe que o escore do aluno não depende apenas da quantidade de acertos, mas da coerência dos acertos nas suas respostas, isto é, espera-se que o aluno acerte as questões fáceis e médias. 
Mas afinal, que novidades são estas?  Perguntavam todos ligados à educação.  Antes de revelar cada integrante deste novo processo vamos entender como esta teoria se desenvolveu.
De acordo com Pasquali (1), no início dos anos 50, baseados em seus precursores: Richardson (1936) que comparou os parâmetros dos itens obtidos pela Teoria Clássica da Psicometria com os que são usados atualmente pelo TRI; Lawley (1943) cujos trabalhos determinavam métodos para estimar os parâmetros dos itens; Tucker (1946) que foi a primeiro a usar a curva ICC (Iten Characteristic Curve) e Lazersfeld (1950) que introduziu a ideia de traço latente; Frederic Lord (1952) elaborou um modelo teórico e métodos para determinar os parâmetros da TRI.  Lord utilizava em seus estudos curvas em forma de ogivas. Eram aplicados em testes dicotômicos, ou seja, certo ou errado, sim ou não, verdadeiro ou falso.  Birnbaum (1957) substituiu as curvas no formato de ogivas por curvas logísticas, usando logaritmo o que facilitava o trato matemático.  Em seguida Samejima (1969) aprimora a teoria aplicando-a em testes politômicos.  A partir dos anos 80 com o avanço da informática softwares foram sendo desenvolvidos para maior rapidez e confiabilidade no processo.
O governo brasileiro baseado da Constituição de 1988 passa a ter a competência de avaliar e garantir a qualidade do sistema educacional brasileiro. Cria os PCN (Parâmetros Curriculares Nacionais) que passariam a balizar o ensino a partir de avaliações de larga escala.
Em 1990 é aplicado o SAEB (Sistema Nacional de Avaliação Educacional Brasileira).  No ano de 1995 esta avaliação é reestruturada e aplicada utilizando pela primeira vez a TRI, possibilitando a comparação de grupos diferentes ao longo dos anos.
O ENEM foi implantado em 1998, e a ideia central era avaliação de competências (eram 21 no total), com provas contextualizadas e interdisciplinares.  Abrangiam as diversas áreas de conhecimento, constava de 63 questões (cada competência era avaliada 3 vezes).
Em 2009, este exame passa por uma reformulação.  Assim como no SAEB e na Prova Brasil, o governo passa a ter uma série histórica, pois com a utilização da TRI, é possível comparar grupos diferentes com provas diferentes.  É uma avaliação com caráter probabilístico, portanto, muda o paradigma de que  - a nota do aluno é proporcional ao número de questões que acerta, para  - é possível medir de forma mais adequada  o traço latente do aluno, ou seja, o quanto ele domina daquela área de conhecimento, dependendo de que questões o aluno acerta.

O novo ENEM

1.Objetivos do Exame

A partir de 2009, o  ENEM passa a ser um dos processos seletivos de Instituições de Educação Superior com os seguintes objetivos:
- Democratizar as oportunidades de concorrência às vagas federais de Ensino Superior.
- Certificar jovens e adultos no Ensino Médio, atribuição que era do ENCCEJA (Exame Nacional para Certificação de Competências de Jovens e Adultos).
- Direcionar a construção e revisão dos currículos das escolas de Ensino Médio.

2.Características do Exame

 As Matrizes de Referência são os documentos que servem de base à elaboração dos itens (ou questões) que compõem as provas.  O item é a unidade básica do instrumento de medida (INEP).
O exame é dividido em quatro áreas de conhecimento:
(i)                 Linguagens, Códigos e suas Tecnologias (incluindo redação);
(ii)               Ciências Humanas e suas Tecnologias;
(iii)             Ciências da Natureza e suas Tecnologias;
(iv)             Matemática e suas Tecnologias
Até 2009 línguas estrangeiras não eram avaliadas, a partir do novo ENEM, Espanhol e Inglês foram incluídas na avaliação.  Desta forma, domínio de linguagens, compreensão de fenômenos, enfrentamento de situações problema, construção de argumentação e elaboração de propostas são competências que correspondem aos eixos cognitivos básicos.  Espera-se, portanto, que todo jovem ou adulto deve ter desenvolvido estas habilidades para enfrentar os desafios que são apresentados diariamente.
Cada uma das áreas de conhecimento foi dividida em competências, discriminadas de forma mais ampla e as competências subdivididas em habilidades, que foram descritas de forma mais específicas. 
Temos então cinco eixos cognitivos, divididos em quatro áreas de conhecimentos, cada área com determinado número de competências, num total de 30 habilidades cada uma. Os eixos, as competências por área de conhecimento e as suas respectivas habilidades estão discriminados no Apêndice I. 
Se cada área de conhecimento apresenta 45 questões, e se todas as habilidades a priori devem ser contempladas, algumas vão aparecer mais de uma vez em cada exame.
O exame é composto por questões objetivas, pré-testadas, que formam um banco de questões que está sendo construído pelo INEP ao longo destes anos.

3.Formato do Exame

Em cada uma das áreas as provas são constituídas por 45 questões objetivas, são utilizadas quatro tipos de provas de cores diferentes que diferem apenas na posição das questões, ou seja, as provas de cada área possuem as mesmas questões, mas alocadas em diferentes posições, a questão 1 na prova amarela de matemática de 2012, por exemplo, corresponde à questão 10 na prova cinza, à 9ª na azul e à 22ª na rosa.
O exame é realizado em dois dias de um final de semana, no sábado os alunos respondem a 90 questões e são avaliados nas provas de Ciências Humanas que abrange História, Geografia, Filosofia e Sociologia, e em Ciências da Natureza, com questões de Física, Química e Biologia. 
No domingo, as provas são de Matemática, com 45 questões, assim como, Linguagens e Códigos que contemplam Língua portuguesa e Literatura Brasileira, Língua estrangeira, o aluno opta por inglês ou espanhol, Artes e Educação Física. O aluno ainda deve produzir um texto. 
O método de avaliação tem um caráter probabilístico e por isso tem um número elevado de questões que devem ser feitas em 4h30minutos, o que significa que o exame deve ser realizado com uma velocidade de 3 minutos por questão, o que para a grande maioria dos alunos é muito difícil de ser executado.  A redação também tem tempo previsto de uma hora, apertado também para a grande parte dos alunos.

4.Correção da Redação

Na página do Inep, no que se refere a redação, temos que a nota é dividida em 5 competências, a saber:
Competência 1 – Demonstrar domínio da modalidade escrita formal de Língua Portuguesa.
Competência 2 – Compreender a proposta de redação e aplicar conceitos das várias áreas de conhecimento para desenvolver o tema, dentro dos limites estruturais do texto dissertativo-argumentativo em prosa.
Competência 3 – Selecionar, relacionar, organizar e interpretar informações, fatos, opiniões e argumentos em defesa de um ponto de vista.
Competência 4 – Demonstrar conhecimento dos mecanismos linguísticos necessários para a construção da argumentação.
Competência 5 – Elaborar proposta de intervenção para o problema abordado, respeitando os direitos humanos.
Cada um dos textos é copiado e enviado a dois corretores distintos que realizam suas correções sem saber as notas do outro avaliador.  Cada competência recebe nota de 0 a 200 pontos, com intervalos de 40 pontos, ou seja, em cada competência as notas possíveis dadas por um avaliador são: 0, 40, 80, 120, 160 ou 200. A nota do examinando será a média aritmética das notas finais.

Se por ventura a diferença entre as notas de uma determinada competência for maior que 80, ou, se na totalização das competências a diferença for maior que 100 pontos, considera-se que houve discrepância e a prova é corrigida por um terceiro corretor.  A nota final será a média aritmética entre as notas que mais se aproximarem. 

RESULTADOS DIVULGADOS PELO INEP

Resultados divulgados pelo INEP

O Governo tem como um dos seus objetivos ao aplicar a prova do ENEM, instrumentalizar as escolas de ensino básico no que diz respeito ao seu Projeto Pedagógico ao divulgar o resultado dos alunos de cada escola.

As escolas também esperam esta informação oficial do governo, no entanto, recebem apenas uma média, que por si só não tem significado, pois dizer que a nota do colégio em matemática é 612,34, não significa dizer que 60% dos seus alunos dominam de forma adequada as habilidades que se apresentaram no exame, muito menos que 60% do conteúdo foram assimilados pelos alunos, afinal, nem a prova vale 1000 pontos nem a correção está ligada ao número de acertos na prova. Os diretores dos colégios esperam algo mais para que possam melhorar o rendimento de seus alunos. 

Para a sociedade estes resultados são percebidos de maneiras distintas. Algumas famílias querem saber o resultado para terem certeza de que seus filhos estão matriculados em um colégio bom, outras esperam a divulgação oficial para matricularem os seus filhos no colégio que apresentar a maior nota na sua cidade, logo, esta nota parece ter um significado diferente do percebido pela comunidade escolar.

A imprensa também se mobiliza para insuflar esta dialética entre a sociedade e as escolas, divulgando rankings, como em 2013, que levaram em conta apenas os resultados das quatro áreas de conhecimento, justificando que estas são mensuráveis e comparáveis, pois foram corrigidas pela TRI, e logo em seguida divulga um outro ranking agregando o resultado da redação, afinal tradicionalmente a redação era incluída desde 1998.  Este fato também é bastante interessante, pois desde esta época já havia comparações entre as escolas, porém, como só a partir de 2009, a nota do ENEM passou a servir como ingresso parcialmente ou exclusivamente para as universidades públicas, a competição entre as escolas de cada cidade ou estado ficou acirrada, já que agora a sociedade também participa desta polêmica. 

Algumas escolas assumiram uma postura agressiva, visando um possível resultado de ponta neste exame, afinal toda a imprensa dá cobertura em tempo integral às escolas que integram os primeiros lugares.  Pensando em termos de mercado esta é uma excelente oportunidade de mostrar os seus resultados. 

Existem, no entanto, escolas que assumem um formato pedagógico em que o aluno é trabalhado de forma mais ampla, individualizada, onde conta muito o seu crescimento pessoal, onde o seu lugar no grupo é tão importante quanto o crescimento do grupo.  Estas escolas percebem alguns de seus alunos de forma diferente, pois acreditam que tratar diferente os diferentes é dar igual oportunidade de crescimento aos indivíduos desta sociedade tão heterogênea, neste momento de exposição na imprensa, estas escolas que podem acrescentar muito aos alunos nem sempre são entendidas pela comunidade escolar da maneira como deveriam ser.

O INEP divulga em seu site os dados individuais dos alunos que participaram do exame sem identifica-los, no entanto, o formato ainda é inacessível às escolas, afinal é necessário tecnologia de ponta para se obter os dados e profissional que conheça linguagem avançada para dividir em partes menores os arquivos, por isso, apesar dos microdados estarem à disposição é irrelevante a parcela da comunidade escolar que consegue esses dados, que tem instrumentos estatísticos para tratá-los da melhor forma e ainda dividir com os coordenadores, professores e alunos, este conhecimento que, com certeza, terá uma utilidade fundamental para traçar estratégias  visando aumentar o rendimento dos alunos que última análise é uma das metas deste trabalho que é contribuir de forma efetiva para a melhoria acadêmica dos alunos e da educação de modo geral.

Resultados obtidos nos microdados do ENEM 

No site do INEP estão os dados dos exames desde 1998.  

O objetivo é o de reunir os dados das provas dos alunos que estão terminando o ensino básico , afinal, como foi mencionado anteriormente, conhecer em cada área do conhecimento: o desempenho de cada aluno; as questões que foram acertadas; como reagiram os alunos frente às habilidades que foram apresentadas nas provas; como foi o aproveitamento em redação e como os alunos se distribuíram em relação às suas notas, pode dar subsídios para o aprimoramento do projeto pedagógico e em consequência elevar os resultados dos examinandos nos anos posteriores. 



O INEP divulga alguns resultados ligados ao ENEM, o de cada aluno em cada área do conhecimento; o de cada escola e os microdados, que são os resultados, as respostas e os dados individuais de cada participante. 
  • Através do boletim individual do candidato é possível cada um ter acesso aos seus resultados, inclusive aos distribuídos em cada uma das competências na prova de redação.



 As universidades federais também podem acessar o resultado, como por exemplo quando é realizada a inscrição do aluno no Sistema de Seleção Unificado (SISU).  Com este resultado o aluno tem a possibilidade de ingressar nas universidades federais, nas universidades particulares, e até em universidades internacionais como a Universidade de Coimbra.  Em Portugal três universidades já admitem alunos que realizaram o ENEM.  


  • O resultado de cada escola é divulgado também na página do INEP e todos podem visualizar este resultado.   Atualmente toda a sociedade aguarda esta divulgação, a imprensa percebeu este interesse e cria “à sua maneira” um ranking.  A crítica a esta divulgação é a de que não é uma ordenação do INEP, afinal as notas são divulgadas por escola e por área de conhecimento, não tem um resultado final.





Os  microdados divulgados pelo INEP talvez sejam os dados que mais interessam as escolas.  Cada escola recebe uma nota referente à cada área do conhecimento e uma nota da redação, estas notas são as médias de seus alunos, mas afinal, como saber as notas dos alunos?  O INEP divulga estas informações a partir dos microdados relativos a cada edição do ENEM.

Como obter os dados, entre na página do INEP > no portal do INEP > Informações estatísticas > Microdados > download > escolha o ano no Microdados do ENEM.

O arquivo vem zipado e é muito grande por isso a dificuldade.

  •  Os dados são difíceis de serem acessados, pois são necessário conhecimento técnico de alto nível e equipamento que acompanhe este processo para obter as informações.   Um dos objetivos do governo é o de fornecer às escolas as informações de seus alunos, mas então por que um formato inaccessível ás escolas?

 Se a escola recebesse os dados dos alunos, e com um histórico desde 2009, poderia avaliar se o seu projeto pedagógico, está de acordo com os objetivos propostos pelo INEP como o Novo ENEM, e se for o caso, até reavaliar o seu processo, afinal, este exame é uma avaliação externa de cada escola. 

Se você é Diretor, Coordenador ou Professor e deseja conhecer as notas dos seus alunos no ENEM 2013, envie um e-mail para profjfrias@gmail.com,  informando:

  • O seu nome
  • O cargo que exerce
  • O nome do seu colégio
  • A Unidade Federativa
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domingo, 9 de agosto de 2015

Novo ENEM

O que você sabe sobre o Novo ENEM? 

O que é TRI? 

O Novo ENEM recebeu este nome em 2009 pois desde 98 o ENEM já era aplicado no Brasil.  Até 2008 não era obrigatório e apenas algumas universidades utilizavam seus resultados para ingresso nas universidades.

A partir de 2009 o ENEM passa a ter um novo formato e uma nova forma de ser corrigido.
v  Formato: O Exame é realizado em dois dias, em cada um deles a prova apresenta 90 questões objetivas, sendo 45 de área de cada área de conhecimento.  No primeiro dia são realizadas as provas de Ciências Humanas (História, Geografia, Filosofia e Sociologia) e Ciências da Natureza (Biologia, Física e Química).  No segundo dia, além da Redação, as áreas são Linguagens e Códigos (Língua portuguesa, Literatura brasileira, Língua estrangeira, Artes e Educação Física) e Matemática.
v  Correção: A Teoria da Resposta ao Item (TRI) é uma metodologia que leva em consideração o item (questão) e suas características denominadas parâmetros (Dificuldade, Discriminação e Acertos ao acaso).  A nota não está ligada apenas ao número de acertos, mas também à coerência da resposta do examinando.  A nota da redação é dividida em 5 competências, cada uma tem valor máximo 200 pontos, por isso, a redação pode ter zero para nota mínima e 1000 para nota máxima.



 (Saiba mais sobre o Novo ENEM  na página HISTÓRICO)



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